Aos 87 anos muito bem vividos e nada poupados, morreu o
grande escritor colombiano, Gabriel Garcia Márquez, de complicações
respiratórias por um sistema imunológico já abalado devido à luta contra um
câncer linfático a 17 de abril de 2014. “Cem anos de solidão” (primeira edição
em 1967), é uma leitura obrigatória para quem curte compreender como se davam
os relacionamentos familiares na América Latina da virada do século XX. Trata-se
de uma narrativa com elementos fantásticos e românticos (realismo fantástico) que
se passa na imaginária cidade de Macondo, entre as gerações da família Buendia.
Malquíades talvez seja meu personagem favorito, um cigano que morre e ressuscita
várias vezes. Ler “Cem Anos de solidão” é se permitir viajar em uma cornucópia
de amores e traições entre encontros e desencontros, casamentos consanguíneos,
mitos e lendas confirmados, memórias e esquecimentos. O final é tão genial que o
mínimo spoiler seria um pecado.
Em 1982 o autor recebeu o Prêmio Nobel de Literatura pelo
conjunto de sua obra. Foi comparado a Miguel de Cervantes (sim, o clássico de
Dom Quixote) durante toda a vida, inclusive por seu amigo também charuteiro e
grande bebedor de vinhos, Pablo Neruba. Aliás, algumas pessoas até pensam que
Gabriel era chileno, devido aos períodos em que viveu em Viña Del Mar e Val Paraíso,
entrando na vibe de Neruda e
escrevendo sobre a vida à beira-mar, no mar e em alto-mar. Claro, a vida
obscura e obtusa deste universo. Poemas
como marolas brotaram naturalmente. Se eu pudesse dar um bom conselho a um
amante de poesias, eu daria: “Arrisque ler no idioma original”.
“Cem Anos de solidão”, juntamente com “Crônica de uma morte
anunciada” (1981), “O amor nos tempos de cólera” (1985) – em filme com Javier Bardém e Fernanda Montenegro no elenco e trilha sonora da Shakira -, “Viver para contar”
(2002) e “Memórias de minhas putas tristes” (2004) são marcos na
biobibliografia de Gabriel que refletem tanto seus sentimentos e convicções
sobre sua amada Latino America quanto seus experimentos com os gêneros e
estilos literários. “Hasta La vista” que intitula esta resenha fica
absolutamente por minha conta: sendo por aqui bem boazinha com os livros, a
literatura, os literatos e os leitores, pretendo reencontrá-lo em qualquer matrix quando transcender minha carcaça.
Por Adriana Buarque de Holanda, Bibliotecária e Mestre em
Ciência pela UFPE, atualmente estudante de Psicologia e leitora compulsiva
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