sexta-feira, 18 de abril de 2014

#1 Hasta la vista, Gabriel

 
Aos 87 anos muito bem vividos e nada poupados, morreu o grande escritor colombiano, Gabriel Garcia Márquez, de complicações respiratórias por um sistema imunológico já abalado devido à luta contra um câncer linfático a 17 de abril de 2014. “Cem anos de solidão” (primeira edição em 1967), é uma leitura obrigatória para quem curte compreender como se davam os relacionamentos familiares na América Latina da virada do século XX. Trata-se de uma narrativa com elementos fantásticos e românticos (realismo fantástico) que se passa na imaginária cidade de Macondo, entre as gerações da família Buendia. Malquíades talvez seja meu personagem favorito, um cigano que morre e ressuscita várias vezes. Ler “Cem Anos de solidão” é se permitir viajar em uma cornucópia de amores e traições entre encontros e desencontros, casamentos consanguíneos, mitos e lendas confirmados, memórias e esquecimentos. O final é tão genial que o mínimo spoiler seria um pecado.
Em 1982 o autor recebeu o Prêmio Nobel de Literatura pelo conjunto de sua obra. Foi comparado a Miguel de Cervantes (sim, o clássico de Dom Quixote) durante toda a vida, inclusive por seu amigo também charuteiro e grande bebedor de vinhos, Pablo Neruba. Aliás, algumas pessoas até pensam que Gabriel era chileno, devido aos períodos em que viveu em Viña Del Mar e Val Paraíso, entrando na vibe de Neruda e escrevendo sobre a vida à beira-mar, no mar e em alto-mar. Claro, a vida obscura e obtusa deste universo.  Poemas como marolas brotaram naturalmente. Se eu pudesse dar um bom conselho a um amante de poesias, eu daria: “Arrisque ler no idioma original”.
“Cem Anos de solidão”, juntamente com “Crônica de uma morte anunciada” (1981), “O amor nos tempos de cólera” (1985) – em filme com Javier Bardém e Fernanda Montenegro no elenco e trilha sonora da Shakira -, “Viver para contar” (2002) e “Memórias de minhas putas tristes” (2004) são marcos na biobibliografia de Gabriel que refletem tanto seus sentimentos e convicções sobre sua amada Latino America quanto seus experimentos com os gêneros e estilos literários. “Hasta La vista” que intitula esta resenha fica absolutamente por minha conta: sendo por aqui bem boazinha com os livros, a literatura, os literatos e os leitores, pretendo reencontrá-lo em qualquer matrix quando transcender minha carcaça.
Por Adriana Buarque de Holanda, Bibliotecária e Mestre em Ciência pela UFPE, atualmente estudante de Psicologia e leitora compulsiva
 
 
 
 

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